quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A Escola da Minha Infância

A ESCOLA


Estando a frequentar actualmente a Escola E.B. 2,3 de Vialonga a fim de fazer o 12º ano do ensino secundário e tendo um pequeno conhecimento da Escola actual, devo dizer que não se pode comparar com o ensino que frequentei há 40 anos atrás, em Moçambique.
Apesar de nessa altura os nossos professores, na maior parte vindos da Metrópole, ou seja Portugal Continental, e os métodos de ensino serem oriundos do Continente, a nossa vivência marcava pela diferença em vários motivos. O clima a cultura Africana enraizada pelos nossos antepassados prevalecia, pois estava-se em maioria.
O ano lectivo tinha o calendário igual ao do Continente embora o nosso clima fosse precisamente o oposto ao de cá; lá as férias grandes eram no Inverno.
Não havia computadores. O método de ensino era diferente aprendia-se o b a ba e a tabuada era cantada em uníssono. Os livros passavam-se de irmão para irmão por várias gerações. Antes de começar as aulas todos os dias de manhã, em duas filas, cantávamos o hino Nacional.
Andava quilómetros a pé para ir para a Escola Primária e depois mais tarde de autocarro para a Escola Técnica, que ficava na Cidade, existia nessa altura dois tipos diferentes de ensino o Liceu e a Escola Comercial e Industrial. O liceu era para quem quisesse continuar os estudos, ou seja, ir para a Universidade e a Escola Técnica era para alunos que quisessem tirar um curso profissional, que englobava o Comércio e a Indústria, são exemplo os cursos para Serralheiros Mecânicos, Electricistas etc.
Aprendíamos a bordar nas nossas aulas de trabalhos manuais, o que era muito interessante pois é conhecimento que ainda hoje mantenho. A disciplina de Moral e Religião era ministrada por um padre ou uma freira para os rapazes e raparigas, porque as Escolas naquela altura eram divididas por sexos desde as de salas de aulas, ao recreio. Tínhamos uma farda com um monograma bordado no bolso do peito da cor do curso que frequentávamos. Havia a disciplina de Canto Coral onde se aprendia a cantar e a fazer várias vozes, porque no final de cada ano era exibida na festa a actuação do melhor grupo coral. Nas aulas de Educação Física, que eram sem dúvidas as que eu mais gostava saltava-se ao trampolim e jogava-se basquetebol e futebol de salão, para além de outros desportos.
Os professores eram mais austeros; podiam dar um puxão de orelhas ou uma reguada a um aluno quando este se portava mal ou não sabia a lição. Havia nessa altura muito mais respeito por um professor pois era impensável dar uma resposta menos própria ou ofender um professor que para nós nessa altura era inatingível. Englobado à Escola havia um grupo a quem davam o nome de Mocidade Portuguesa, na qual obrigatoriamente usava-se uma farda quase militar. Criada por decreto em 1936 (a secção feminina seria criada dois anos mais tarde), a Mocidade Portuguesa, era destinada a todas as crianças e jovens, sendo de inscrição obrigatória. O seu objectivo era inculcar na juventude os valores patrióticos e nacionalistas do Estado Novo. Foi extinta após o 25 de Abril de 1974.
Depois, mais tarde, acompanhei os Estudos das minhas filhas. A escola tinha já um carisma diferente, desde o método de ensino, à variedades de cursos, e aos sistemas de entradas para as Faculdades etc.
Hoje, frequento uma Escola cheia de inovações e de novas tecnologias, que faculta o ensino a várias idades e a diferentes camadas sociais. Uma Escola diferente, pelo passar dos anos e pela modernidade dos tempos, onde tudo evoluiu e onde as oportunidades são quase igual para todos.


Marina Nerantzoulis
Turma C

Sem comentários:

Enviar um comentário